Derramam pensamentos, derramam aflições
Escorrem sutilmente algumas gotas de tristeza
Qual mistério será que esconde essa mansa correnteza?
O que guardam em segredo esses olhos de cascata
Que não cabe, que deságua, enquanto a pupila dilata
Deságua com calma, estremece a visão,
Derramam águas salgadas nativas do coração
Pela face vai descendo, escorrendo devagarzinho
Olhos de cascata, desaguam abaixo um riachinho
Olhos de cachoeira, carregados não sei de quê
De alegria ou de tristeza, tem um segredo a esconder
No fundo do olhar, um mistério se revela
O fluxo aumenta, o coração acelera
Quanta água sai desses olhos de cachoeira
Cílios, a mata ciliar, o rosto uma ribanceira
Algo quer expressar a água que sai de dentro
Ódio, angústia, alegria, dor, amor, sofrimento
Seja lá o que for, para o mundo o olho joga
Olhos de cachoeira, cachoeira que desafoga
Olhos de catarata, catarata do amor
Águas de alegria do interior para o exterior
Encharcando tudo em volta, molhando felicidade
Doces águas salgadas, expelidas pela verdade
Permanece ainda o mistério do desaguamento
Por que vem, pra onde vai o fluído de sentimento
O que é, o que faz, o que trazem esses olhos de catarata
Mais firmes que de cachoeira, mais fortes que de cascata
Purificando o sentimento, limpando a caminhada
Olhos de catarata, deixando a alma lavada.