A porta do bem-viver

Seu coração tem uma porta
Porto comigo a chave

Seu coração é mata

Pedindo pra que eu desbrave

A chave, no meu coração

A porta que abre, no teu

Dentro, vejo que na real

No teu interno há o meu

A porta do teu coração

No meu pulsa também

A chave pra entrar no meu

Meu bem, é tu quem tem

A distância é relativa

Coisa tão graciosa

Ao nível do seu sorriso

É raridade preciosa

É encanto preciso

De tamanha precisão é

Que em mim o efeito é certeiro:

Observo-o em teu rosto

E já tô bobo por inteiro

Quero ver-te mais de perto

Com mais frequência, de preferência

Sorria, de coração aberto

Pra do meu aumentar a cadência

Realmente me impressiono
Com o quanto teu jeito cativa

E nosso encontro, certamente impulsiono

Pois meu bem... distância é relativa!

Direito, melhor ando

Andar direito

Pra melhorar

E melhorar

Pra direito andar

Afinal andando torto

No bom destino a chegada tarda

Como pode uma barca chegar ao porto

Sem uma boa coordenada?

Se o caminho é reto

Certeiro é o destino

Deus emana seu decreto

Luz o clareia ao peregrino

Luz mostra que é melhor

Direito viver andando

Melhorando os passos no certo

Caminhando direito, melhor ando.

Poder libertador

A dor liberta
A mim da ilusão
Pois dor desperta
Bondade no coração

Ao fazer burrada
E deixar entrar uma dor
Sem compadecimento
Ela maltrata o provoca-dor

Quando a dor é tamanha
Que ele não mais pode suportar
Só resta encontrar a entranha
Onde o espinho está a perfurar

A dor é maior pra remover
Se o caboclo apegado for
Mas tem que desocupar o espaço
Pra caber semente de flor

Mas calma lá, mermão
Não se deixe enganar
É grande e pura ilusão
Pensar que é bom se maltratar

Não adianta buscar dor
Pra poder se libertar
Não vá martelar a alma
Pensando que algo irá melhorar

Deixar crescer a dor
Até não mais aguentar
É permitir se encolher
É esquecer de se amar

Escrevo só pela experiência:
Mais vale plantar logo amor
Investir nessa grandiosa ciência...
Esse sim é o poder liberta-dor.

Deter mina

O amor
Determina
De ter mina
Deter mina
Determina!

Cachos de ouro

Não virei com versos baixos
Oriundos de pensamentos precipitados
Estou é de cabeça e peito no alto
E venho é com versos altos
Para de sobressalto
Tomar-te de assalto
Mas não virei com versos baixos
Oriundos de sentimentos abalados
Pois inspiro-me é na doçura de teus cachos
Cheirosos, macios e dourados...

Trem bão

Êta coração cheio de mistérios
Que sente é na hora certa
Espero as coisas virem de bicicleta
Mas só pedal nessa vida não convém
Quando vejo estou no trilho
Segurando uma porta aberta
E as coisas vêm é de trem!

Oralidades

Caso em tendas
Minha língua,
Gema!

Quando entendo
O som do sino
Prossigo procê
Pura oralidade...

Fases

De lá pra cá
Quantas voltas o mundo deu...
Quanto tempo se passou...
Quanta coisa aconteceu...

Vida oscila
Que vida bendita...
Doida, as vezes doída
Sobretudo sempre bonita!

O Abraço

Um abraço
À braço, um contato
Sentimo-nos por tato
Envolves a mim
Envolvo a ti
Um abraço
É teu corpo e o meu
Colados por laço
É tempo congelado
Em segundos, deleite, êxtase
Momento em que o externo é insignificante
Pro interno, revitalizante
Supera toda a balbúrdia do mundo
Gesto profundo do fundo do peito oriundo
Peito encontra peito
Para os corações ouvirem um ao outro
Uma expressa unificação de gente
É tu, é eu, é força crescente
Se nos vemos, abraço
Pelo sentimento superior
No abraço dois é um
É amor e dele calor
É dentro da vida, conforto
No caos do dia-a-dia
Abraço: seguro porto
Confirma nesse mundo torto
A presença do amor
Permite-nos sentir
Seu inestimável valor